REGIÃO

TJ absolve a prefeita Alcione e seu marido, o vereador Júlio César

08/06/2018 08:00




A prefeita de Santo Antônio do Grama, Alcione Ferreira de Albuquerque Lima/PP, e seu marido, vereador Júlio César Russo Lima/PSD, foram absolvidos sumariamente da acusação de uso indevido de bens e servidores municipais para fins particulares entre 2013 e 2015.

O casal foi julgado em 5/6 pelos desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O processo repercutiu bastante, em dias recentes, na comunidade gramense, considerando que a denúncia tramitou, desde 2015, na Polícia Civil, no Ministério Público e depois em  Juízo.

De acordo com nota do advogado de Alcione, Paulo Crosara/Escritório Oliveira  & Filho Advogados, “os desembargadores destacaram a completa ausência de qualquer prova de irregularidade praticada pela prefeita e o vereador, tendo a defesa comprovado serem inverdades as afirmações contidas nos depoimentos dos opositores políticos, nos quais se baseou a denúncia”.

O TJ ainda assinalou que “todos os atos da prefeita foram praticados dentro da lei municipal, promulgada 10 anos atrás, antes de sua gestão”, para concluir que “é desnecessária a ação penal, estando comprovada, de plano, a inocência de Alcione e Júlio”.

Desabafo da prefeita

A esta FOLHA, Alcione declarou, nessa quinta-feira (7/6), que espera, em dez dias, a publicação do acórdão do Tribunal para em seguida definir as medidas a serem tomadas,

Em sua página no Facebook, a prefeita desabafou:

“É com grande alegria e louvor a Deus que informo a todos que mais uma vez a verdade vence.  Fomos caluniados, e, por politicagem, tentaram denegrir minha imagem com mentiras e calúnias. Trabalho direto com o povo gramense desde 1983, quando aqui cheguei. Época esta em que nem imaginava entrar na vida pública e, como funcionária do Banco Real, sempre dei atenção e carinho a todos. Minha dedicação como secretária de Educação, secretária de Saúde, professora estadual, municipal e da Apae me fizeram chegar até aqui. Fiz minha história com caráter e personalidade, herdados dos meus pais. Este espírito de querer ajudar só quem conheceu minha mãe sabe dizer. Estou sempre participando das alegrias e tristezas na maioria das famílias gramenses. Sempre ali, levando minha alegria, minha solidariedade, meu apoio. Agradeço imensamente: a Deus, minha maior testemunha do meu trabalho; à minha família, pelo sofrimento de me ver sendo injustiçada tão covardemente; e a todos os amigos, que sempre acreditaram em mim; e pelas orações de todos. Deixo meu repúdio a esta politicagem em que vive Santo Antônio do Grama atualmente, marcada pelas negociatas e fisiologismo. Este tipo de comportamento não leva a nada. É um comportamento danoso, destrutivo, que afeta negativamente a população. O município só está perdendo, e a vida passa. Ao invés de fixar-se no que não tem, corra junto do comprometimento, para assumir postura e atitudes favoráveis para o crescimento do município.”

Relembre o caso

Em 4/10/2017, a procuradora Elba Rondino, da Pro­curadoria de Jus­tiça Especializada no Combate aos Crimes Praticados por Agentes Polí­ticos Municipais, protocolou, na 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Jus­tiça/BH, denúncia contra Alcione e Júlio César.

Registre-se que em 21/1/2013 a Promotoria de Justiça de Rio Casca expediu recomendação para que Júlio se abstivesse de agir como se ocupasse cargos na estrutura do Exe­cutivo.

Noutra ocor­rência, já em 2015, teria havido ordem para não se anotarem horas trabalhadas pelas máquinas a servi­ço de Júlio e seus familiares. A de­núncia - resultante de longo inquérito civil - detalha o uso supostamente irregular de veí­culos, entre outras condutas, havendo notificação pelo Mi­nistério Público em 8/5/2015.

A procuradora Elba ainda relata que, para “legali­zar” o uso de mão de obra, Júlio conseguiu aprovar em 2015, enquanto presidente da Câmara, projeto de lei que regulamentou a cessão de equi­pamentos e operadores para ser­viços transitórios a particulares e entidades públicas.

Em 20/10/2017, a prefeita pu­blicou nota, nesta FOLHA, alegando que a denúncia apresentada no Tribunal de Justiça “descreve fatos fal­sos, o que será devidamente provado durante o processo”.

Já em 21/11/2017, a Câmara Muni­cipal acatou, por 7 votos contra 2, denúncia contra a prefeita e instituiu Comis­são Processante para apurá-la.

Por sorteio, integraram a Comissão Jairo Henrique Simão/PP (presi­dente), Herculano Barboza Amorim/PT do B (relator) e Marcílio de Melo Ventura/PP (membro).

Neste ano, em 19/1, diante do lotado ple­nário da Câmara local, a prefeita ficou em silêncio ao ser chamada para se manifestar, no fim da sessão de 19/1, perante a Comissão Processante/CP, onde ocorreu a oitiva de nove testemunhas de defesa e acusação. Leia mais sobre a oitiva aqui e na edição impressa de nº 1.490, de 26/1/2018.

Alcione requereu, em 31/1/2018, no Tribunal de Justiça/TJ, em Belo Horizonte, via mandado de segurança, a suspensão dos trabalhos da CP, pelo fato de os membros Jairo e Marcílio pertencerem ao mesmo partido, o PP, desrespeitando, portanto, a necessária “proporcionalidade partidária” na formação da Comissão.

Por este motivo, em 5/2, desembargador de plantão numa nas Câmaras do TJ emitiu decisão liminar suspendendo a atuação da CP. 

Início do processo

Regina Nunes, ex-vereadora pelo PSDB, disse a esta FOLHA que de fato foi a primeira denunciante a protocolar a denúncia. “Juntei provas e iniciei o processo, que chegou a Belo Horizonte em 8/5/2015”. Disse ela que, na citada data, foi recebida pelo promotor Leonardo Duque, então coordenador do Ministério Público/MG.

“Cumpri minhas funções de legislar e fiscali­zar. Anexei as provas, e após isto o Ministério Público apurou os fatos”, acrescentou Regina. Já na oitiva realizada em 19/1/2018, Edson Nunes Pereira confirmou também ter sido o autor da denúncia e ratificou o seu teor.







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