CULTURA

Gilson de Oliveira e suas obras vencedoras do Prêmio ‘Prof. Kléber Rocha’

09/08/2020 12:00




A Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova/Alepon criou em 2018 o Prêmio “Prof. Kléber Rocha”, premiação literária voltada aos acadêmicos, como forma de incentivo à produção literária. Nesta edição, publicamos 2 obras do escritor Gilson José de Oliveira que foram vencedoras e contempladas com patrocínio da Bartofil para sua impressão. O escritor enviou para a coluna Arte & Cultura o depoimento a seguir sobre as duas obras. Confira:

“O Prêmio Kléber Rocha valoriza o acadêmico, porque se trata do idealizador da Alepon, um professor que marcou época em Ponte Nova pelo apreço pela língua portuguesa. Mas é também um incentivo a quem escreve, cria, se esforça para fazer isso quase todo dia. Em 2018, com ‘Esperança Arredia’, fiz um livro de realização pessoal. Foi um tempo em que tive que pensar a esperança todos os dias, buscar um horizonte humano e espiritual. Superar certas fissuras exigiu arrancar energia e resiliência na profundidade da alma, na minha experiência cristã, mas também na minha relação cultural com outras crenças. O que está poetizado é a esperança vivida de várias perspectivas.

A poesia em si é uma experiência transcendente, e nela eu gritei alto para ser ouvido de alguma forma. Ao mesmo tempo, posso falar do prazer em talhar algum poema com valor literário de que eu mesmo gostasse, submetê-lo à apreciação em rede social, sujeitá-lo a uma comissão julgadora, ter um feedback. Isso criou uma atmosfera nova, que me deu sustentação.

No ano seguinte, o ‘Poesia de Resistência’, premiado no ‘Kléber Rocha’ de 2019, é mais direto na situação do país, na dificuldade mesmo de expressar, de não ter muito com quem dialogar em termos de utopia, já que a esperança não era mais um caso pessoal, mas nacional. O sistema de ódio nas redes sociais, transplantado para relações até nas famílias, me deixou numa introspecção sofrida. Era preciso falar de outra realidade, mas só a poesia parecia o canal.

Tive muito apoio do grupo de caminhada ‘Um Pé Atrás do Outro’, que, mesmo não sendo unânime na visão de mundo, possibilita conversar pelo caminho com a maior liberdade sobre todos os assuntos. São caminhadas longas, que intercalam silêncios longos e falas intensas e fraternas. Os cenários macro e micro, o olhar longe ou detalhado sobre a natureza estabelecem uma reflexão que toma a forma poética.

A Alepon também tem sido importante no compartilhamento de textos e outras produções artísticas. Nós precisamos desses espaços para existir e repercutir.

A resistência é física, emocional, estética, filosófica, poética. Tenho tido retorno muito bom de quem lê, mostrando que a literatura ajuda no discernimento, traz luz em momentos difíceis. Tive uma experiência interessante de enviar um pequeno texto para um amigo na UTI com Covid-19. Ele me deu um retorno que eu não esperava. Lia o texto duas vezes por dia e se animava. Recuperou-se, para felicidade nossa!

‘Poesia de Resistência’ não é só o universo político atabalhoado em que vivemos. É um convite a não desanimar diante dos percalços, dos fracassos, das grandes dúvidas existenciais. Modestamente, mas com muita devoção à poesia e à literatura em geral, é isso que tento passar.”







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