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Dr. Túlio Barbosa Cária - Advogado (OABMG 188659)
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Essa resposta importa para todos os que lutam por um país mais justo, livre, democrático e desenvolvido.
Devemos combater a pobreza ou a desigualdade? A educação é o caminho? Essas foram algumas das perguntas feitas a mim durante uma palestra. Enquanto, da esquerda à direita, as pessoas parecem concordar que precisamos pôr um fim à pobreza, o mesmo não pode ser dito sobre o combate à desigualdade.
Porém a diminuição da desigualdade deveria ser objetivo não só dos que sonham com sociedades mais justas, mas também daqueles que se preocupam com a nossa democracia e desenvolvimento econômico.
Altos níveis de desigualdade impactam a qualidade da democracia. Como argumentou Steven Levitsky e Daniel Ziblatt em “Como as Democracias Morrem”, a crescente desigualdade econômica no Brasil, durante a pandemia da Covid-19, ampliou os ressentimentos da população e aumentou a polarização.
De fato, os cientistas políticos Derek Epp e Enrico Borghetto, após analisarem a produção legislativa de nove países europeus, concluíram que, quanto mais desigualdade, menos foco o Congresso dá a matérias relacionadas à justiça econômica, e mais atenção às questões de ordem social, como crime e imigração. Segundo eles, isso se deve às pressões dos mais ricos na agenda política do país.
Trazendo o exemplo do ingresso nas universidades brasileiras mais prestigiadas, como a UFV, é nítido uma série de vantagens para uns em detrimento de outros. Alguns alunos possuem acesso a cursos preparatórios privilegiados, enquanto outros contam apenas com o ensino das escolas públicas, que conforme um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Económico), teve a maior redução de investimento nos últimos 4 anos. Milhões de alunos brasileiros não puderam estudar ao longo da pandemia, muitos por não terem acesso à internet e equipamentos.
Por fim, altos níveis de desigualdade impactam o desenvolvimento econômico dos países: a OCDE apontou como a desigualdade impacta a produtividade e o crescimento econômico de longo prazo das nações.
Ao que tudo indica, as mudanças climáticas, a globalização e a Revolução Tecnológica irão contribuir ainda mais para o aumento da desigualdade. Essa é mais uma razão para irmos além do combate à pobreza e tratarmos o enfrentamento aos altos níveis de desigualdade como um dos mais importantes desafios da nossa geração, especialmente, por meio da Educação.