SAÚDE

Chikungunya: doença infecciosa febril

23/03/2023 10:00




Paula Reale Fernandes - Médica-reumatologista  (CRM MG 64.205 / RQE 47.477)
 
Edifício Medical Center - Av. Dr. José Grossi, 194/Sala 506 Guarapiranga/Ponte Nova
Fone:  (31) 99869-8331
 
 A febre da Chikungunya é causada pelo vírus Chikungunya e transmitida pela picada dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os famosos pernilongos. E tem ciclos de transmissão parecidos com os da dengue e zika.
 
Os sinais e os sintomas são muito parecidos com os da dengue: febre de início agudo, dores articulares e musculares, dor de cabeça, náusea, fadiga e manchas avermelhadas pelo corpo.
 
As principais manifestações que as diferem são as fortes dores articulares, com potencial de evoluir para manifestações inflamatórias das juntas e até cronificar.
 
A doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. 1) Aguda (duração de 7 a 14 dias): sintomas de febre, dor e/ou inflamação das articulações em quase 100% dos casos. Pode acometer mais de 4 articulações, preferencialmente as mãos e os pés. Pode vir acompanhada de prostração, manchas vermelhas, dor nos olhos, dor muscular, náuseas e vômitos. 2) Subaguda (15 dias a 3 meses): ocorre em cerca de 50% dos pacientes. Tem predomínio de dor e inchaço das articulações, tendinite e fadiga. 3) Crônica (mais de 3 meses): ocorre em 30% dos pacientes. E é bem variável, podendo ser contínua ou ter períodos de melhora e piora, com intensidade de dor leve a intensa. 
 
Quem tem mais risco de cronificar: mulheres; pessoas com mais de 40 anos de idade e muitas articulações acometidas na fase aguda; e portadores de diabetes e persistência do IgM positivo além da fase aguda. 
 
O tratamento dependerá dos sintomas e da fase em que o paciente se encontra. Na fase inicial, são prescritos analgésicos comuns (dipirona, paracetamol) e hidratação vigorosa. Na fase subaguda, podemos utilizar anti-inflamatórios (AINH) e corticoides, principalmente nos casos de forte dores articulares. E na fase crônica, podemos associar Hidroxicloroquina, Metotrexato e Sulfassalazina, caso a dor não responda ao uso de AINH e corticoides. Além disso, contamos com o auxílio da fisioterapia em todas as fases da doença. 
 
As medidas para controle de mosquitos transmissores, proteção contra picada e notificação precoce dos casos ainda são as principais medidas preventivas para evitarmos esse mal.
 
Os casos com sinais de gravidade (acometimento neurológico, instabilidade hemodinâmica, dispneia, dor torácica, vômitos persistentes, sangramento de mucosas e descompensação de doença de base) devem ser acompanhados com internação. 
 
Os pacientes que evoluem para a forma subaguda e crônica necessitam de avaliação mais criteriosa do ponto de vista musculoesquelético, sendo importantes a avaliação e o acompanhamento de reumatologista.






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