Rachel Cohen - Médica veterinária especializada em Clínica e Cirurgia de Pequenos
Animais e sócia proprietária da Clínica Espaço Animal (CRMV MG - 13.170)
* Av. Francisco Vieira Martins, 973 - Guarapiranga - Ponte Nova * (31) 3817-6118 e 98879-1205
Assim como os seres humanos, os pets também precisam de atenção com os rins para que estejam saudáveis e o restante do organismo funcione adequadamente. A DRC (doença renal crônica) é a principal causa de morte em gatos com mais de 5 anos. Em cães, a prevalência é menor, mas a progressão geralmente é mais rápida.
Cães e gatos podem desenvolver a DRC em qualquer idade, mas é mais comum a partir dos 6 anos e neles a doença só aparece clinicamente quando 75% da função renal já estão comprometidos. Uma vez instalada, a doença renal é progressiva e degenerativa e o tratamento é complexo, pois muitas vezes requer internações e ajustes frequentes na terapia em consequência das possíveis complicações de outras patologias.
O principal sinal clínico nos animais é o aumento da ingestão de água, mas pode haver vômitos, mau hálito, diminuição do apetite, apatia (paciente depressivo) e perda de peso, entre outros.
Os principais fatores de risco para a DRC são: avanço da idade, raças predispostas, morbidades (hipercalcêmica, doenças cardíacas, doença periodontal, cistite, cálculos em bexiga e rins, hipertireoidismo, diabetes, patógenos infecciosos (hemiparasitas, leishmaniose e leptospirose), dieta desbalanceada e ingestão de substâncias nefrotóxicas para eles (uvas, chocolates, alho, cebola, cebolinha, chá e café, por exemplo).
Apesar de a doença não ter cura, ela pode ser controlada e oferecer ao portador uma vida quase normal, mas para isso é imprescindível acompanhamento de médico veterinário e exames rotineiros para evitar procedimentos mais complexos.
Além disso, os tutores são essenciais para identificar e minimizar os fatores de risco, podendo prevenir ou retardar o desenvolvimento da doença e reduzir as chances de mortalidade do animal. Para isso, o tutor deve ficar sempre atento à hidratação do animal, manejo da alimentação com rações específicas e de qualidade e ajustes das dosagens de medicamentos, principalmente aqueles que têm excreção renal. Pensando nisso, listei algumas formas de prevenir doenças renais:
- Estimular a ingestão de água, disponibilizando vários potes de água filtrada limpa e fresca espalhados pela casa. Oferecer sachês (alimento úmido) para os gatos também é uma ótima opção.
- Preparar um canto em casa para as necessidades fisiológicas do pet, mesmo para aqueles que têm o costume de fazer as necessidades durante os passeios ou quando estiverem com muita vontade ou sem disponibilidade de passeio. Para isso, é importante o tutor incentivar o pet a usar o tapete higiênico ou outro acessório com essa finalidade desde pequeno, para no futuro ele não sofrer, caso não passeie em um dia de chuva, por exemplo. No caso dos gatos, deve-se manter as caixas de areia sempre limpas. É importante também colocar uma caixa para cada bichano da casa e mais uma de “sobra”.
- Fornecer alimentação de qualidade, suprindo as necessidades nutricionais. Devem-se seguir as recomendações sobre o tipo de alimento e a quantidade a ser ofertada, respeitando as características do animal, como idade, fase de vida, condição de saúde e frequência de exercícios físicos. Na dieta, também é importante regular os minerais, como o sódio, pois eles interferem diretamente no funcionamento dos rins.
- Evitar automedicação: medicações em doses não recomendadas podem sobrecarregar os rins, que eliminam seus compostos, atuando de forma tóxica no órgão. Além disso, nem todos os remédios são metabolizados adequadamente e podem acarretar sérios problemas renais em animais.
- Check-ups periódicos com o médico veterinário, especialmente para animais a partir de 4 a 6 anos: os exames podem ajudar a detectar precocemente as alterações renais, facilitando a intervenção adequada e auxiliando na diminuição da progressão da doença.
Com o aumento da expectativa de vida dos animais, o aumento da incidência de doenças renais é uma realidade, mas atualmente há novos recursos na Medicina Veterinária. Assim, o diagnóstico pode ocorrer precocemente e garantir o aumento de qualidade e de tempo de vida.