POLÍCIA

Motim na Penitenciária de Ponte Nova: faltam informes detalhados

28/09/2020 13:35




(Atualizada às 11h desta terça-feira, 29/9)
 
Ainda durante a madrugada desta segunda-feira (28/9), circulavam nas redes sociais áudios de familiares de detentos e possivelmente dos próprios detentos relatando a tensão no Complexo Penitenciário de Ponte Nova/CPPN, iniciada no fim da noite desse domingo (27/9).
 
 
Em contato com a nossa Reportagem, por volta das 22h, a esposa de um recluso disse que havia “gritaria e um monte de tiro” e “hoje vão virar a cadeia” (gíria usada para citar rebelião e controle do espaço prisional por detentos). Este Jornal não conseguiu ouvir dirigentes da unidade prisional. 
 
Noutro registro, uma mulher pede a presença da Imprensa e apela: “Não deixem covardear (sic) com eles [os detentos]”, referindo-se às recentes denúncias de maus-tratos no CPPN (leia aqui e aqui).
 
Já nos vídeos atribuídos ao motim, um grupo de detentos encapuzados e com armas de fabricação própria diz: “Essa punição vai cair no bagulho,  p***! Vamos acabar com essa ‘oprimição’ (sic) nessa cadeia de Ponte Nova.”
 
Surgiram outros vídeos com celas em chamas, gritos e barulho de batidas nas celas. No vídeo mais impactante, outro grupo dirige ameaças ao diretor-geral do Departamento Penitenciário/MG, Rodrigo Machado. Esta FOLHA apurou que se trata de motim do ano passado, ocorrido em unidade prisional da Grande BH
 
 
Por volta das 9h desta segunda-feira (28/9), nossa Reportagem esteve no CPPN, onde familiares de seis reclusos buscavam na portaria notícias dos detentos. Questionamos os vigias da portaria, e estes informaram que a responsabilidade pelas notícias é da Secretaria do Estado de Justiça e Segurança Pública/Sejusp. 
 
A esta FOLHA, familiares, que não quiseram se identificar, afirmaram que a revolta dos detentos é motivada por maus-tratos e proibição das visitas, suspensas desde o início da pandemia da Covid [se bem que nesse domingo, 27/9, teríamos a primeira agenda de visita presencial com diversas restrições].
 
As autoridades
 
O juiz Felipe Vieira Rodrigues, da Vara de Execuções Penais, informou a esta FOLHA que recebeu os primeiros informes às 22h45 de domingo (27/9), referindo-se a “movimento de desordem sem informações pormenorizadas”.
 
Segundo o juiz, em relato às 9h30 desta segunda-feira (28/9), “tal movimento de indisciplina foi controlado sem incidente grave contra a incolumidade física de presos e agentes policiais”. Ainda de acordo com o magistrado, maiores informações serão divulgadas pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Estado.
 
A defensora pública Antonieta Rigueira Leal informou às 9h40 que só tem, por enquanto, informações telefônicas e, portanto, “nada oficial por escrito”.
 
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Hermano Santos/PT, está nas mesmas condições de Antonieta. Ele compareceu na sede do CPPN na manhã desta segunda-feira, mas não foi recebido pela Direção da Penitenciária. Hermano citou o caso de um recluso ferido e medicado no Hospital Arnaldo Gavazza.
 
Ocorrências recentes
 
Às 16h dessa sexta-feira (25/9), houve “baderna” nas Celas 40, 41, 42 e 47 da Ala 1 com “batidas nas paredes”. Equipe do Grupo de Intervenção Rápida conferiu a estrutura de cada cela e apurou danos em paredes. Remanejaram-se então 90 reclusos para outra região da carceragem.
 
Na tarde anterior, denúncia anônima chegou à Guarda Prisional mencionando tentativa de fuga de presos da Cela 54 da Ala 8. A Direção do CPPN determinou “revista estrutural” em todas as Celas dessa Ala e, além de buraco na parede do banheiro da Cela 54, encontraram-se sete chuços (tipo de arma pontiaguda) e mapa da unidade “indicando possível rota de fuga”.
 
Às 12h dessa quinta-feira (24/9), houve repressão pelo GIR de motim nas Celas 43, 44 e 46 da Ala 1 (leia aqui). 
 







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