REGIÃO

Fundação Palmares reconhece: Gesteira é remanescente de quilombo

15/10/2024 18:00




* Matéria atualizada às 12h10 de 17/10 

 Repercutiu, nesta semana, portaria de João Jorge Santos Rodrigues, presidente da Fundação Cultural Palmares/FCP (vinculada ao Ministério da Cultura) certificando que a comunidade de Gesteira, na margem do rio Gualaxo do Norte em Barra Longa, é remanescente de quilombo.

Gesteira é a segunda localidade barralonguense a ter oficializado o vínculo quilombola (a primeira foi Barro Branco, como informa Gilmar de Oliveira/coordenador da Escola Família Agrícola Paulo Freire, de Acaiaca). Para tanto, comprovaram-se, perante o Governo Federal, a trajetória local dos descendentes de escravizados, sua identidade étnica e a luta da ancestralidade negra relacionada à resistência histórica à opressão.

Na foto, ruínas em trecho da Gesteira antiga. Um dos principais documentos enviados à FCP foi o estudo “Comunidade Quilombola de Gesteira”, enviado ao Ministério da Cultura por Francisco Phelipe Cunha Paz, doutorando em História pela Universidade Estadual de Campinas/SP, mestre em Preservação do Patrimônio Cultural e educador do Museu Afro-Brasil Emanoel Araújo.

Note-se que, além de atuar pela preservação do passado quilombola, os moradores de Gesteira estão desde nov/2015 na luta contra os efeitos devastadores da lama que se rompeu na Barragem de Fundão/Mariana, pertencente à Samarco.

 O objetivo, entre outras propostas do processo reparatório, é o de recuperar bens culturais de natureza material e preservar o patrimônio cultural, como informa a professora Simone Silva, atingida pela lama e uma das idealizadoras da mobilização perante a FCP. Na foto, Simone com sua filha Sofia.

Simone informou que a comunidade criou um grupo de dança chamado Fênix. “A fênix é a ave mitológica que renasce  das cinzas. Nós renascemos da lama”, resumiu ela. Como esta FOLHA apurou, na data da tragédia ambiental, Gesteira tinha 115 habitantes majoritariamente pardos e negros.

Em tempo - No caso do reconhecimento quilombola, a Fundação Palmares menciona benefícios, incluindo estes: direito à terra, com regularização fundiária e propriedade definitiva; acesso a políticas públicas de educação, saúde e moradia; preservação de sua cultura e identidade; e assistência técnica e jurídica pela Fundação Cultural Palmares.

 Ponte Nova

Em Ponte Nova, a Fundação Palmares reconheceu há alguns anos o bairro de Fátima como remanescente quilombola. Em 24/9, representantes da Federação Quilombola/MG e do Grupo Passado e Presentes reuniram-se (foto) na sede da Associação Quilombola da Comunidade do Bairro de Fátima e Território, tratando do resgate da história a ser contada em livro e cartilha.

O professor Luiz Gustavo Santos Cota é um dos responsáveis pelo livro, ao lado de Julius Kaniata, responsável pela parte jurídica da Federação. Em curto prazo haverá reunião com professores das Redes Municipal e Estadual de Ensino para tratar da temática do livro, como informou  Pedrinho Catarino, dirigente da Associação Quilombola.

 







UID:11863862/21/10/2024 23:40 | 0