EDITORIAL

Esperando a chuva

06/09/2024 08:45




 No cerrado brasileiro, a situação das mudanças climáticas fica ainda mais evidente. Pesquisadores da Universidade de São Paulo/USP publicaram estudo na revista científica Nature (britânica) indicando que a seca no cerrado brasileiro é a maior dos últimos 700 anos.  

A pesquisa, revelada pela imprensa em julho, indica que a região central do país teve um aumento de 1o C acima da média global. Com o ambiente mais quente, parte da chuva evapora-se antes de se infiltrar no solo. Isso concentra as chuvas num determinado período e afeta até o nível dos rios.

Não temos, em nossa região, ferramentas para mensurar a nossa estiagem nos moldes adotados pelos pesquisadores da USP.

A Central Experimental de Cana de Açúcar/CECA da UFV (antigo Planalsucar/Oratórios), todavia, divulgou para esta FOLHA, no fechamento da edição, os dados meteorológicos de 24 anos (a contar de 2000), constatando que nosso município repete neste ano a seca de 2020, entre os meses  de maio e agosto.

Neste aspecto, algumas particularidades. Se em 2010 choveu 350,01 milímetros de janeiro a abril, em 2024 a precipitação foi de 819,10 milímetros, mas com um agravante: temos, neste ano, temperaturas bem acima da média dos invernos convencionais.

O cenário é crítico para a saúde humana, animal e vegetal (com ênfase para a agricultura). “Se não tivermos nenhuma chuva em setembro, aí começa a ficar muito crítico o cenário”, arrisca Luiz Cláudio Inácio da Silveira, que é engenheiro-agrônomo e diretor de Produção Vegetal da CECA.

Em tempo - Relatório da Organização Mundial da Saúde já citava em 2021 o quanto as mudanças no tempo e no clima causam uma das emergências de saúde mais urgentes.

Em out/2021, pelo menos 300 organizações de profissionais de saúde publicaram carta aberta com um chamado para a comunidade internacional:

“Como profissionais de saúde, reconhecemos nossa obrigação ética de falar sobre essa crise em rápido crescimento, que pode ser muito mais catastrófica e duradoura do que a pandemia da Covid-19. Pedimos que os governos cumpram suas responsabilidades, protegendo seus cidadãos, países vizinhos e gerações futuras da crise climática.”

 







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